A CRIANÇA (para si)
Devo ter este sono por causa do longo caminho na floresta.
Amanhã tudo será mais claro.
Antes de perder a sua frágil e última consciência,
o miúdo ainda consegue ouvir:
VELHA (off)
E não encontraste ninguém na floresta?
VELHO ( off)
Não, não encontrei ninguém.
dimanche 6 mai 2007
sinopse
Um rapazinho, de sete/oito anos, está perdido numa floresta espessa e sombria. Ao final do dia, quando o medo começa a crescer, o rapaz reconhece um som de passos que se sobrepõe aos sons aflitivos e ameaçadores da noite que se instala insidiosamente. É então que surge, do interior da floresta, um velho, também ele perdido. O velho, ao ver o rapaz sozinho, propõe-lhe, procurarem juntos o caminho. O rapazinho, cansado e a tremer de medo, dá a mão ao velho e caminham juntos pelo interior da floresta labiríntica.
Atravessam várias zonas de árvores, algumas mais hostis, um campo pantanoso, passam a noite encostados a uma árvore com raízes enormes. O rapaz adormece contra o ombro do velho, apesar do som inquietante dos animais que aproveitam a escuridão da noite para caçar.
Ao amanhecer recomeçam a andar. O velho protege o miúdo afastando-o dos perigos que surgem ao longo do caminho, ajudando-o a vencer o medo. A pouco e pouco o velho começa a sentir-se mais seguro e a reconhecer o caminho de onde se tinha perdido. Inversamente, a angústia do miúdo cresce e ele parece cada vez mais frágil: não percebe porque não conhece este velho que diz ser da mesma aldeia que ele, e ao mesmo tempo lhe é tão familiar; não reconhece nada na floresta, que lhe parece cada vez mais estranha e imprevisível.
Quando finalmente chegam á aldeia, a criança fica feliz, mas estranha que toda a gente venha saudar o velho e ninguém lhe ligue a ele. Corre para a sua casa, mas as pessoas que estão a sair da casa, são desconhecidas e também não parecem vê-lo nem ouvi-lo. O rapaz corre então para o rio, aquele rio junto ao qual costumava brincar com os seus amigos e onde se costumava mirar. Ao chegar junto ao rio ajoelha-se e inclina-se sobre a água, mas ela não reflecte o seu rosto como dantes. Sente então a presença do velho que se ajoelha junto a ele e vê o rosto dele pousar na superfície da água, exactamente no sítio onde deveria aparecer o seu. Chega depois uma velha de cabelos brancos que se ajoelha junto ao velho com ternura. O rapaz observa-os. Sente um sono enorme e irresistível mas, antes de perder a consciência, ouve ainda, a velha perguntar ao velho se não encontrou ninguém na floresta enquanto estava perdido. “Não. Não encontrei ninguém” responde o velho.
Atravessam várias zonas de árvores, algumas mais hostis, um campo pantanoso, passam a noite encostados a uma árvore com raízes enormes. O rapaz adormece contra o ombro do velho, apesar do som inquietante dos animais que aproveitam a escuridão da noite para caçar.
Ao amanhecer recomeçam a andar. O velho protege o miúdo afastando-o dos perigos que surgem ao longo do caminho, ajudando-o a vencer o medo. A pouco e pouco o velho começa a sentir-se mais seguro e a reconhecer o caminho de onde se tinha perdido. Inversamente, a angústia do miúdo cresce e ele parece cada vez mais frágil: não percebe porque não conhece este velho que diz ser da mesma aldeia que ele, e ao mesmo tempo lhe é tão familiar; não reconhece nada na floresta, que lhe parece cada vez mais estranha e imprevisível.
Quando finalmente chegam á aldeia, a criança fica feliz, mas estranha que toda a gente venha saudar o velho e ninguém lhe ligue a ele. Corre para a sua casa, mas as pessoas que estão a sair da casa, são desconhecidas e também não parecem vê-lo nem ouvi-lo. O rapaz corre então para o rio, aquele rio junto ao qual costumava brincar com os seus amigos e onde se costumava mirar. Ao chegar junto ao rio ajoelha-se e inclina-se sobre a água, mas ela não reflecte o seu rosto como dantes. Sente então a presença do velho que se ajoelha junto a ele e vê o rosto dele pousar na superfície da água, exactamente no sítio onde deveria aparecer o seu. Chega depois uma velha de cabelos brancos que se ajoelha junto ao velho com ternura. O rapaz observa-os. Sente um sono enorme e irresistível mas, antes de perder a consciência, ouve ainda, a velha perguntar ao velho se não encontrou ninguém na floresta enquanto estava perdido. “Não. Não encontrei ninguém” responde o velho.
samedi 5 mai 2007
sobre O Caminho Perdido
"É uma autêntica revelação: em dois filmes curtos, Teresa Garcia impôs o seu universo poético e doce, a sua surpreendente capacidade de tecer parábolas formidávelmente límpidas que falam, com emoção, delicadeza e justeza, do ser humano, do seu caminho de vida.(...)
Comoventes e profundos, estes dois filmes marcam a emergência de uma cineasta: o que não acontece todos os dias!."
Comoventes e profundos, estes dois filmes marcam a emergência de uma cineasta: o que não acontece todos os dias!."
Jean-Jacques Rutner
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